A QUESTÃO DO RESPEITO PELA VONTADE DO OUTRO!…


 

Imagem extraída da Internet

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A questão do “RESPEITO PELO OUTRO”; melhor dizendo: a questão do “RESPEITO PELA VONTADE DO OUTRO”, tem muito que se lhe diga.

Há uns dias atrás, quando consultava o meu facebook, reparei numa publicação do Aventar alusiva a um tema que por sinal considero muito pertinente, até porque está directamente relacionado com a minha profissão:

A Eutanásia. Cliquei no respectivo link, no sentido de ler o artigo na íntegra. O artigo abordava uma entrevista que uma jornalista terá efectuado a um médico que recentemente teria perdido a mãe mediante um processo de eutanásia, por vontade manifesta desta última, dado ter-lhe sido diagnosticada a doença de Alzheimer. Abordava ainda toda a envolvência familiar e o sofrimento da mesma perante a opção da sua ente-querida em “partir” o quanto antes, por se recusar terminantemente em vivenciar um estado de degradação física e psíquica que culminaria mais tarde ou mais cedo com a morte. E finalmente abordava, ainda que sobre uma certa pressão da referida jornalista a confissão manifesta do próprio médico, que a teria exercido, ainda que noutros contextos: -“Pratiquei a eutanásia! Não matei pessoas!”

Ora bem!…A abordagem e análise do artigo em questão, até que me pareceram interessantes, na medida em que a eutanásia é e será sempre um tema polémico e muito controverso…porque “mexe” com a ética profissional, com “Valores” intrínsecos do próprio profissional e particularmente com um em especial:

O RESPEITO PELA VONTADE DO OUTRO!!!

Neste âmbito em concreto, a questão fulcral que aqui se coloca é tão somente a seguinte:

SER OU NÃO SER OBJECTOR DE CONSCIÊNCIA?

Por acaso tenho por hábito ler todos os comentários inerentes às publicações que aprecio. Qual não é o meu espanto quando reparo que todos os comentários alusivos ao dito artigo, eram praticamente todos depreciativos…e mais!…Havia um que era descaradamente ofensivo, pois lia-se: “…Abordagem de Trampa para gente de Trampa”. E ainda por cima, como se não bastasse, tinham atribuído alguns “gosto” a este dito comentário.

Fiquei indignadíssima!… Não por os leitores envolvidos considerarem o artigo como uma “Abordagem de Trampa”; Porque enfim…há que RESPEITAR A OPINIÃO DO OUTRO, seja em que circunstância for!…Mas o “para gente de Trampa” ?!…Ah!…Isso não!!!

Por acaso, os leitores que apreciaram favoravelmente o artigo, nos quais eu própria me incluo, somos “gente de Trampa”???

Mas que comentário mais infeliz!!!…Pessoalmente, considero-o um “atentado à DIGNIDADE DA VIDA HUMANA!…Onde é que está aqui o cumprimento do DEVER DE RESPEITO PARA COM O OUTRO? E mais…qual será o conceito de “Respeito para com o Outro” que estas pessoas detêm?

Ele há cada uma!…

Bem, à parte este tipo de posturas, aliás típicas de quem prefere enterrar a cabeça na areia, do que emitir um parecer suficientemente inteligente acerca do tema-papão ” Eutanásia”, importa salientar que antes de tudo o mais, será importantíssimo clarificar muito bem os conceitos, não só de Eutanásia, mas também de Ortotanásia e de Distanásia, que são completamente díspares, e, por isso mesmo, poderão induzir, desnecessariamente, a conclusões erróneas.

Em Portugal, não é legal a prática da Eutanásia – suicídio assistido -, nem nada se vislumbra nesse sentido, por parte das Comissões de Ética e de Deontologia. Todavia, os conceitos de “morte assistida”, e de, “morte com dignidade”, no sentido de minimizar o sofrimento/dor da pessoa moribunda, são uma atenuante praticável… até ao último suspiro da vítima.

E por aqui me fico, expectante em induzir o caro leitor às suas próprias reflexões.

 

© Paula Pedro

 

8 comentários a “A QUESTÃO DO RESPEITO PELA VONTADE DO OUTRO!…

  1. Pingback: BREVE APRESENTAÇÃO PESSOAL E…ALGO MAIS | pamarepe

  2. Cara Paula Pedro,

    Não li o referido artigo e muito menos o comentário “infeliz” que, na minha humilde perspetiva, não merece quaisquer comentários de retorno, mas ainda assim permita-me referir que estou plenamente de acordo quando alude ao “respeito pela vontade e opinião do outro”. Todavia, neste contexto em particular, o da eutanásia,e não obstante todos os aspetos legais inerentes, coloca-se uma outra questão passível de reflexão: sou, ou não, capaz, emocionalmente, de praticar o referido acto? Porque a vontade do outro pode, inadvertidamente, colidir com a minha própria vontade e minha vontade é “a vontade do outro” na perspetiva desse outro. Então, qual a que prevalece?!…

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    • Cara Aida Borges,

      Mui querida colega de profissão e também, na minha óptica, ilustre e admirável escritora cujas obras literárias publicadas merecem indubitavelmente serem apreciadas e sobrevalorizadas pelo mundo, pela maravilhosa forma como se expressa, mediante o recurso a magníficas e lindas metáforas…;Em primeiro lugar permita-me que humildemente lhe confesse que é para mim uma honra ter despoletado a sua atenção relativamente à minha publicação, e por isso mesmo, e desde já, o meu sincero:”Muito Obrigada”!
      No que concerne à sua questão:”Sou, ou não, capaz, emocionalmente, de praticar eutanásia”?
      Ora bem!…Para nós, que estamos envolvidos no meio, talvez seja um pouco mais fácil sermos detentores de uma opinião bem fundamentada, ainda que emocionalmente difícil de gerir, comparativamente àqueles que não o são…até porque o tema em si, poderá não ser de todo aliciante para essas pessoas, dado estar correlacionado com a VIDA/MORTE…e a quem apraz abordar a questão da MORTE, ainda que contextualizada (ou não?) na doença?
      Mas…objectivando um pouco mais a resposta, não na qualidade de profissional de Saúde, mas sim como uma simples “pessoa”…uma comum “mortal”:
      Até que ponto não será digna a prática da eutanásia ao “Outro” que “sofre” de uma “dor” agonizante, desde que o decida na plenitude das suas funções mentais?
      E mais!…Até que ponto é recriminatória a conduta do profissional de Saúde, que não sendo “OBJECTOR DE CONSCIÊNCIA”, pratica tal acto?
      Agora…”EU”, emocionalmente, posso não ser capaz de praticar tal acto e, nessas circunstâncias, o recurso aos “NÃO OBJECTORES DE CONSCIÊNCIA”, poderá ser uma solução, porque, e repito, porque:
      “O RESPEITO PELA VONTADE E OPINIÃO DO OUTRO”, deveria prevalecer!…
      Espero de alguma forma, ter respondido à sua questão.
      Um BEM-HAJA muito grande! 🙂

      Paula Pedro

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  3. Paula,

    Antes de mais fico muito lisonjeada com tão sublimes elogios e agradeço profundamente pois sei que são sinceros no sentir, ainda que me deixem sem palavras!… Honra é para mim tê-la como leitora porque a existência dos leitores (mesmo no anonimato!) ganha um sentido reforçado para um qualquer objeto da escrita, seja qual for o sentimento que a mesma escrita suscite! Se as emoções que a leitura despoleta são positivos, tanto melhor! Posso dizer o mesmo de si! Bem-haja também!
    Percebi perfeitamente a sua posição desde o início relativamente ao tema dos comentários anteriores . Se levantei a questão foi no sentido de criar alguma celeuma e, como refere e muito bem, o recurso aos não objetores de consciência é evidentemente uma solução sem que daí advenham, ou devessem advir, quaisquer atitudes recriminatórias para qualquer uma das partes. Nunca vivenciei de perto uma situação deste tipo, por isso não sei definir muito bem a minha posição relativamente a esta matéria: uma coisa são os recursos racionais e técnico-científicos que adquirimos no percurso e desenvolvimento de uma qualquer profissão humanitária, como são todas as ligadas à saúde, outra, bem diferente, é quando somos confrontados com uma situação em que um dos nossos próximos (um familiar, um amigo, um colega por quem nutrimos afeição, etc.) nos dirige um pedido com esta envergadura. Pode ser conotado de diversas formas e a nossa decisão pode pender para um extremo ou outro, ou simplesmente ficar a meio, de acordo com variáveis que só no momento e segundo as circunstâncias poderemos definir. O que eu acredito hoje pode não o ser em definitivo. Não o defino como egoísmo nem cobardia, e muito menos como falta de carácter: nós somos o que adquirimos em termos de aprendizagem ao longo do nosso existir, mas somos sobretudo SENTIR…e se me pedisse neste preciso momento que a ajudasse a morrer, situação hipotética na qual não acredito dado o seu amor profundo pela vida, eu francamente não saberia o que lhe responder!

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    • Aida,

      Mais uma vez, muito obrigada pelo seu precioso contributo, na medida em que, vem ainda dar mais consistência à fundação deste tema tão controverso, tão polémico…tão difícil.

      Evidentemente que tratando-se de eutanásia, aplicada hipoteticamente a um um dos nossos próximos, como o refere: a um familiar, um amigo, um colega por quem nutrimos afeição, a decisão torna-se particularmente mais difícil, e como o salientou, e muito bem, dependerá do SENTIR no momento e da sua contextualização.

      E…realmente tratando-se de emoções, só O PRÓPRIO é que poderá avaliar a sua capacidade em geri-las num momento tão crítico, como o é, conseguir-se SER OU NÃO CÚMPLICE na prática da eutanásia.

      Acredite!…Nem eu própria saberia como reagir…

      Cordialmente,

      Paula Pedro

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      • Aida,

        Queira desculpar, mas queria aqui fazer um pequeno reparo relativamente ao meu comentário anterior que lhe dirigi: onde lê “fundação”, deverá ler:”fundamentação”.

        Atentamente, 🙂

        Paula Pedro

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  4. Cara Paula, ao fazer algumas pesquisas relacionadas com a minha actividade profissional, vim parar ao seu blog, o qual li atenciosamente, bem como os comentários que lhe são feitos.
    Devo dizer que considerei as temáticas abordadas interessantes, mas, e aceite isto como uma critica construtiva, devo dizer que o seu discurso me pareceu bastante denso, com um vocabulário bastante rebuscado e com uma constante repetição de ideias, o que leva o leitor a dispersar-se e a perder o interesse em temas que me parece ser importante discutir e trazer à praça publica.
    Torne o seu discurso mais leve, mais objectivo e com uma linguagem mais simples. O seu blog, só terá a ganhar.
    Atenciosamente, Luís Oliveira

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    • Caro Luís Oliveira,

      Em primeiro lugar queria agradecer a sua contribuição, pela leitura e análise da minha publicação, e mais particularmente, pela sua crítica construtiva que humildemente aceito. Com efeito, o tema da eutanásia, é interessante, polémico, alvo de muitas críticas e reflexões, como já o terei referido, e que por isso mesmo, merecem ser abordadas na praça pública. Na sua abordagem, tentei focalizar-me apenas numa ínfima parte das questões inerentes à mesma, e que na minha óptica são as mais pertinentes:
      As questões psicológicas – Ser ou não ser Objector de Consciência?; E as questões emocionais – Sou ou não capaz de praticar eutanásia?
      O contributo da minha querida colega de profissão e também escritora, Aida Borges, pelos seus comentários, terá sido uma mais-valia na fundamentação dessas mesmas questões, que era meu objectivo enfatizar.
      Permita-me discordar, quando refere que há uma “constante repetição de ideias” no meu discurso… contudo, é a sua opinião que obviamente, respeito.
      Todavia, aceito a sua sugestão, no sentido de vir a moderar o meu vocabulário, que considera “bastante rebuscado”, factor que poderá induzir o leitor a desinteressar-se…e isso, não o desejo de todo, muito pelo contrário, desejo sim que o meu blog tenha “substância”, “substrato” e enfim…seja de agradável leitura. 🙂

      Cordialmente,

      Paula Pedro

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