EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO?…SEJA O QUE DEUS QUISER!


Paula PedroOlá caros leitores!

EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO é com efeito, a temática que seleccionei na abordagem do presente artigo, dada a sua pertinência na conjuntura de CRISE que o nosso país tem vindo a atravessar nos últimos anos, agravada sobremaneira pelas vigentes políticas restritivas, designadas do “Corte”(!)…melhor dizendo: políticas do “CUSTE O QUE CUSTAR!”

Muito embora não detenha a categoria profissional de professora, nem tampouco gestora-economista-empreendedora-consultora, ainda assim, não poderia deixar de elaborar um artigo onde constasse o meu manifesto de indignação – aliás, sentimento certamente experienciado por muitos de vós, independentemente de serem ou não pais e/ou encarregados de educação – pela banalização consentida, por parte dos nossos governantes, no que diz respeito ao sector da EDUCAÇÃO!…A avaliar pelo que se tem vindo a perscrutar através dos média, principalmente no início de cada ano lectivo; e este ano, ou não fosse prática recorrente, “não fugiu à regra”(!), ou seja, MAIS UMA VEZ, O CAOS RELATIVAMENTE AO ARRANQUE DO ANO LECTIVO!!!

Ora bem! À parte o desabafo alusivo ao(s) desacato(s) que mais adiante faço questão de esmiuçar, optei por fundamentar o tema, contextualizando-o parcialmente em algo muito importante: a nossa RESPONSABILIDADE enquanto pais e/ou encarregados de educação na EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO das nossas crianças e jovens.

Assim sendo, é consensual (salvo as excepções, obviamente) que a partir do momento em que nos tornamos pais, a nossa forma de SER/ESTAR na própria Vida, muda por completo…mudamos objectivos…mudamos prioridades…a vida passa a ser gerida em função do NOVO SER que, como que milagrosamente, veio inebriar a nossa alma, o nosso aconchego, o nosso conceito de SER-SE FELIZ!…Porque o amamos incondicionalmente, não é verdade?

E então, se somos estreantes em matéria de paternidade, eventualmente poderemos vivenciar esse novo status como um tipo de felicidade, por um lado, muito gratificante, mas por outro, também algo stressante…e porquê?

– Ora, precisamente, por estarmos perante um novo desafio…um verdadeiro “salto no desconhecido!”…Quantas vezes não somos confrontados com terríveis dúvidas existenciais:

– Será que vou ser capaz de ser um bom pai/mãe?…Será que vou ser capaz de assumir tamanha responsabilidade?…E se algo correr mal?

De qualquer forma, por muitas dificuldades que estejam subjacentes, o desejo de cumprirmos a nossa função de procriação, sustentado pelo nosso conceito AMOR, e particularmente, AMOR PATERNAL, supera seguramente todas essas dificuldades…caso contrário, não haveria mundo, não é assim?

E se há coisas com que nos preocupamos amiúde, e saliente-se que, praticamente desde o início, a EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO dos nossos filhos é indubitavelmente uma delas. Assim sendo, desde muito cedo detemos a natural preocupação de transmitir-lhes os nobres PRINCÍPIOS E VALORES DA VIDA HUMANA, corrigindo, orientando, sugestionando, apoiando…todavia um processo mediado pelo nosso bom senso, melhor dizendo, pelo nosso SABER SER/ESTAR e OUVIR no processo relacional com os nossos filhos. Particularmente no que diz respeito à Formação/Educação dos nossos descendentes:

– Será que nos preocupamos em demasia com a forma como se socializam? Com a forma como se expressam? Com as suas condutas? Com as suas escolhas? Com a sua vivência no estabelecimento de ensino que frequentam? Com o seu desempenho escolar?…

– De uma maneira geral, claro que sim!

E se intervimos de uma forma mais directa ou indirecta, tentando não pecar pelos extremos, que é como quem diz: não sermos, nem demasiado permissivos, nem demasiado liberais, é porque desejamos ALGO, o mais importante para nós enquanto pais:

QUE ELES SEJAM BOAS PESSOAS, e nessa base, PESSOAS FELIZES!

Agora, é óbvio que as características inatas da personalidade dos nossos filhos poderão criar, digamos que…contingências à concretização desse nosso desejo que, ao fim e ao cabo, é legítimo, por sermos pais, mas que tampouco é inexoravelmente exequível de impormos a longo prazo, ainda que pensemos o contrário! Ah pois é!…É que nem tenhamos dúvidas, nem sequer nos passe pela cabeça que podemos viver a Vida por eles!…Eles têm que rir, correr, saltar, brincar, experienciar vicissitudes de todo inesperadas na própria vida, e até errarem, para aprenderem com os próprios erros!…E, por muito que nos custe lidar com eventuais “tropeços” no seu percurso educativo/formativo, a nossa função, melhor dizendo, a nossa obrigação é ORIENTAR, APOIAR e SUPERVISAR, visando o seu crescimento da forma mais saudável possível!…Em suma, não os podemos “albergar numa redoma de vidro”, qual terrível regime de clausura, ainda que temporária!

E a dar consistência a este meu SENTIR, atrevo-me a citar o nosso saudoso, prestigiado escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português: JOSÉ DE SOUSA SARAMAGO (1922-2010):

“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar os nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior acto de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de estar agindo correctamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.”

Por conseguinte, estou em crer que se amamos incondicionalmente os nossos filhos, seguramente que apostamos no cumprimento da nossa responsabilidade na sua Educação/Formação, independentemente de quaisquer contingências, sejam elas materiais ou não!

– Então e a Escola e o Sistema educativo? Não detêm quota parte de responsabilidade na Educação/Formação das nossas crianças e jovens? – poderiam os caros leitores questionar.

– Mas é óbvio que sim!…Aliás, penso que ninguém dúvida ser indissociável o binómio aluno/família – Escola, supostamente, pela sua constante interacção ao longo do percurso formativo dos nossos educandos.

O problema é quando o Sistema Educativo, equiparado a uma doença degenerativa em evolução, funciona mal, e de mal… a pior ainda, pois repare-se:

A controvérsia inerente à BOLSA DE CONTRATAÇÃO DE ESCOLA (BCE) e à FÓRMULA utilizada para a ordenação dos candidatos – QUE NINGUÉM CONSEGUE PERCEBER! Ou será que sim? – como que “explodiu” no arranque do ano lectivo, motivando os maiores desacatos e manifestos de indignação no seio das comunidades educativas, conforme poderão visualizar aqui!

A bem dizer, como que “choveram” as mais ridículas e sarcasticamente hilariantes desculpas: desde um tal, designado “ERRO INFORMÁTICO”, que terá motivado “uma incongruência na harmonização da fórmula” (???), o que por sua vez, implicou erros na colocação dos candidatos – professores sem vínculo – e bem assim, consequente morosidade na regularização e recolocação dos mesmos. As notícias de que um desses profissionais teria sido colocado em 75 escolas, em simultâneo, arrebatando 95 horários, e a de uma outra que, numa fase inicial teria sido colocada no Norte do país e à posteriori, no Algarve, conseguiram “tirar-me do sério”!…INACREDITAVELMENTE CAÓTICO este Sistema Educativo(!), pois constate-se: estamos no final de Outubro e para algumas centenas de alunos, bem como, algumas dezenas desses tais professores, o início do ano lectivo ainda não se consumou!

Seguiram-se os pomposamente requintados e falaciosos “PEDIDOS DE DESCULPA”, de Nuno Crato, actual ministro da Educação e da Ciência, visíveis aqui – que teve a dignidade de apresentar o seu pedido de demissão, todavia indeferido por Pedro Passos Coelho, actual Primeiro Ministro…. – Então, mas afinal a quem imputar a responsabilidade por todo este imbróglio?…E ainda, o parecer de sua excelência, o Presidente da República Cavaco Silva, sobre esta temática, que nos elucida perfeitamente (?), conforme podem verificar aquia sua veemente crença na teoria do “PARECE”!(???)

– Oh, valha-nos Deus!!!

Bem…sobre esta questão, e pela exaustiva pesquisa que efectuei neste âmbito em particular, atrever-me-ia a manifestar a minha modesta opinião e caso discordem, convido os caros leitores a contra-argumentarem:

Há que manter o ensino democrático, para todos – concurso único e nacional – e também o modelo de colocação de professores baseado no mérito (formação académica e profissional) – graduação, em que unicamente tenham interferência o tempo de serviço e a classificação inicial – ordenado em lista de graduação nacional, numa base criteriosa, transparente, séria, justa, aceite pelos pares e operacional, com recursos informáticos aprimorados relativamente aos actualmente existentes ( se bem que, não existem erros informáticos! Se estes últimos ocorrem, é geralmente por via de ERRO HUMANO!), para que doravante não sejam recorrentes os erros que temos presenciado no arranque de cada ano lectivo e que têm trazido graves danos colaterais, quer para os alunos, quer para os professores afectados, em prejuízo da QUALIDADE DO ENSINO/APRENDIZAGEM.

É isso mesmo, meus caros leitores! E porque não valorizar os professores que mais evoluem na sua prática?…E porque não valorizar aqueles que mais resultados conseguem, mediante os objectivos de intervenção preconizados à realidade onde exercem?

É sem dúvida pertinente não descurar a MOTIVAÇÃO e a SATISFAÇÃO PROFISSIONAIS em prol da QUALIDADE DO ENSINO/APRENDIZAGEM nas nossas escolas. E nesta lógica, havendo uma consciencialização colectiva, social, a Educação/Formação dos nossos educandos poderá ser, a bem dizer, o que nós quisermos!…E que tal a missiva:

” EDUCAR PARA SERVIR O OUTRO”?

Pois vamos lá a ver(!): MAIOR SATISFAÇÃO e REALIZAÇÃO PROFISSIONAIS implica forçosamente MELHORIA DA QUALIDADE, seja em que profissão for!…E, “puxando a brasa à minha sardinha”, o mesmo se reporta à área da saúde!…

Todavia, felizmente que nós, profissionais de saúde, não temos (nem esperamos vir a ter!) essa “cefaleia” das colocações anuais, e bem assim, a contingência de passarmos a Vida com “a casa às costas”; perdão!…Com uma vida nómada!…Nem tampouco sofremos o stress de ter que percorrer diariamente entre 100 a 300 Km, só para ir trabalhar!…Senão as questões da QUALIDADE DOS CUIDADOS e SEGURANÇA DOS DOENTES, seriam…quiçá, uma tragédia(?)!

E para finalizar este artigo que já vai extenso, mas que ainda assim, muito mais haveria a acrescentar, partilho convosco um clássico, desta feita, uma música de 1986:” FIZERAM OS DIAS ASSIM”, da banda portuguesa TROVANTE, e que poderão ouvir aqui! Como lá diz a canção:

“(…)Não nos venham pedir contas

Não venham pôr-nos regras

Sabemos que os nossos dias

Não vão ser gastos assim!(…)”

Que é como quem diz: “A ESPERANÇA…É A ÚLTIMA A MORRER”!

Como sempre, e na medida do possível, até breve se Deus quiser!

Beijinhos

 

Paula Pedro

1 comentário a “EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO?…SEJA O QUE DEUS QUISER!

  1. Boa tarde, Paulinha.
    Este tema, de facto, sugere alguma reflexão. Não obstante e por ser um problema recorrente, deveria estar devidamente acautelado pela tutela e, assim sendo, não cairíamos nesta barafunda, nesta feira de vaidades de ministros e secretários de estado. Destarte, atento a um comentário que ouvi na TV ,ou entre amigos, levou-me a pensar e refletir sobre esta matéria. E a solução é simples, pode crer. Concursos locais, ou regionais como lhe queiram chamar. Funcionariam nas DRE, Direções Regionais de Educação. Toda a gestão do processo seria da responsabilidade daquelas. Se resido em Coimbra, vou candidatar-me à DREC (Direção Regional de Educação Centro). O percurso do professor estaria todo em rede. SABER SE: ESTÁ DE BAIXA POR DOENÇA, SE ESTÁ EM DESTACAMENTO,OUTROS MOTIVOS. Depois é simples.São preenchidos todos os lugares, mas sabemos que nem todos ,efetivamente ficam com professor, atentos ao que atrás foi dito. Então, proceder-se-ía à 2.ª fase concursal, sendo as vagas ocupadas pelos restantes candidatos ordenados na lista de colocações, ou de candidaturas. Devo dizer que era assim o procedimento para a colocação dos professores do ensino básico, nas defuntas Direções Distritais de Educação.Jamais se assistiu a este circo!
    Gostaria que não visse este testemunho,como uma crítica ao seu trabalho, mas, isso sim, um grito meu de inconformismo.Também, um contributo, já que não o posso oferecer no domínio do seu mister.
    beijinho
    josé costa

    Gostar

Deixe um comentário